Alimentação de bebês: 15 dicas para a introdução de novos alimentos

As dúvidas são muitas. Os pais de bebês que sofrem com intolerâncias e alergias alimentares muitas vezes se sentem despreparados para oferecer uma alimentação adequada aos filhos. Nessa matéria, você confere dicas importantes e aproveita para esclarecer pontos fundamentais na alimentação do seu pequeno.

1. Até os 6 meses de vida, o único alimento do bebê deve ser o leite materno! Não se recomenda oferecer nada além dele (como água, chás ou sucos) já que o leite materno é completo e oferece tudo o que o bebê precisa: alimento, água, proteção contra infecções e alergias, além de acalmar o bebê e estreitar seus laços com a mãe.

2. A partir dos 6 meses é o momento em que se inicia a introdução de novos alimentos, começando pelos sucos de fruta (sempre naturais e de preferência sem adição de açúcar), papas de frutas e sopas de legumes. O ideal é oferecer um alimento novo por dia, de forma a facilitar a observação da aceitação e de possíveis reações alérgicas ou de intolerância. Os legumes da sopa devem ser passados por uma peneira, e não liquidificados, para estimular a mastigação e evitar a formação de gases.

3. Não ofereça alimentos industrializados para bebês menores de 1 ano, salvo nos casos em que a criança necessita de uma fórmula infantil especial. Neste caso, a fórmula deverá ser prescrita por um nutricionista ou pediatra, de acordo com as necessidades de cada bebê.

4. Algumas crianças necessitam de alimentação especial desde os primeiros meses de vida, como é o caso das crianças que já nascem com intolerância à lactose (casos bem mais raros) ou galactosemia. Estes bebês não podem ingerir leite materno e nem outras fórmulas lácteas ou mesmo leite de vaca ou cabra, e necessitam de fórmulas isentas de lactose/galactose.

5. No caso das crianças com APLV (alergia às proteínas do leite de vaca), o aleitamento materno não deve ser suspenso de forma alguma. As reações alérgicas são causadas pelo leite de vaca ou de outros animais que foram introduzidos na alimentação do bebê ou que estão presentes na alimentação da mãe. No momento em que a mãe retira da sua alimentação e da alimentação do bebê o leite de vaca e seus derivados, as reações alérgicas devem cessar.

6. Não se recomenda a introdução de leite de vaca, alimentos contendo glúten (biscoitos, pães, macarrão e alguns tipos de farinha), nozes, castanhas ou ovos antes dos 6 meses devido ao elevado risco de alergia a esses alimentos. O sistema digestivo do seu bebê é ainda imaturo e não está preparado para digerir esses alimentos.

7. É importante que os novos alimentos sejam oferecidos com uma colher e nunca por mamadeira (como o bico da mamadeira é mais fácil de sugar, o bebê pode acabar largando o seio materno). Alimente seu bebê sempre sem pressa ou ansiedade.

8. Recusas a um determinado alimento não devem ser interpretadas como sinal de que a criança não gosta do alimento. Para se ter certeza de que um alimento não é apreciado, o mesmo deve ser oferecido cerca de 10 vezes, sempre em preparações diferentes ou em ocasiões diferentes. Lembre-se que cada bebê tem um ritmo. Não tente apressá-lo. Alguns gostam de experimentar novos sabores, enquanto outros podem achar os novos sabores esquisitos e necessitar de mais tempo para se adaptarem.

9. Para bebês de 6 a 9 meses, além da amamentação, você pode oferecer uma variedade de sabores e ao mesmo tempo manter uma alimentação equilibrada. Nesta faixa etária é recomendado oferecer miniporções de legumes e frutas, miniporções de alimentos ricos em amido como batata, arroz ou cereais não adoçados, e uma miniporção de alimentos ricos em proteínas como feijão e lentilha. Evite adicionar açúcar, sal ou temperos picantes.

10. Dos 9 aos 12 meses seu bebê já pode receber uma alimentação com glúten e já pode experimentar novos tipos de legumes, frutas e grãos. Caso seu bebê não esteja sendo amamentado, uma fórmula especial recomendada pelo médico deverá substituir as mamadas.

11. Não se importe se a criança quiser pegar o alimento com as mãos! Apesar da sujeira que pode acontecer, é importante que desde cedo a curiosidade e o interesse do bebê sejam constantemente estimulados. Explore esta capacidade oferecendo alimentos que ele possa pegar como palitos de cenoura cozida, arvorezinhas de brócolis cozidos, fatias pequenas de maçã e outras frutas em pedaços.

12. Bebês após os 9 meses e crianças com intolerância à lactose podem consumir pequenas porções de queijos e iogurtes sem lactose. Já crianças com alergia às proteínas do leite não devem consumir nenhum tipo de alimento que contenha leite ou seus derivados. Lembre-se: lactose e proteína são duas substâncias diferentes!

13. Evite dar alimentos ricos em gordura e açúcar a bebês menores de 1 ano. Ao invés de optar por biscoitos e bolos doces, ofereça frutas naturalmente doces. Achocolatados e sucos prontos contêm uma quantidade de açúcar muito alta. Prefira sempre o suco de frutas natural e um chocolate em pó sem açúcar. Desta forma você pode medir a quantidade de açúcar que irá na bebida.

14. Dê preferência pela compra de frutas, legumes e carnes orgânicos. Os bebês ficam mais expostos a absorção de resíduos químicos, de agrotóxicos e antibióticos porque seu trato gastrointestinal é penetrado com maior facilidade. Em muitas cidades você encontra feiras de agricultura orgânica com alimentos frescos e de custo mais baixo do que no supermercado. A alimentação da sua família fica mais saudável e você incentiva a continuidade da produção de orgânicos.

15. É sempre importante alertar que é o desmame precoce (a substituição e a complementação do leite materno por leite de vaca ou por outros alimentos) o maior responsável pela grande incidência de alergias alimentares. Além disso, estudos já demonstraram que algumas doenças, como o diabetes tipo I e a doença celíaca, assim como doenças respiratórias e infecções gastrointestinais, também podem surgir em decorrência da introdução precoce dos alimentos, em substituição ao leite materno.

Graduada pelo Instituto de Nutrição da UERJ, especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela Santa Casa de Misericórdia (RJ), especialista em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar pela Universidade Estácio de Sá, em Nutrição Esportiva, pela Universidade Gama Filho.