Chocolate: faz bem ao coração e à alma

Chocolate: faz bem ao coração e à alma

Com a Páscoa se aproximando, muitas pessoas preocupam-se com o consumo extra de chocolate que ocorre nesta época. Para a surpresa de muitos, estudos demonstram que o chocolate possui diversos benefícios para saúde e que se consumido com moderação ele poderá se tornar um aliado ao bem estar físico e por que não dizer, espiritual.

Composição do chocolate

O chocolate é o produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta) de cacau, cacau em pó e/ou manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, entre 25% a 90% de sólidos totais de cacau. Quanto maior é o conteúdo de sólidos de cacau no chocolate, maiores são os benefícios para a saúde.

Mas cuidado! Os chocolates ao leite são os que oferecem menos benefícios porque são os que recebem maior teor de açúcar, gordura láctea, além de outros ingredientes como farinhas. Praticamente todas as grandes marcas que são oferecidas hoje no mercado possuem baixíssimo teor de cacau. Apenas os chocolates que descrevem o teor de cacau no rótulo do produto (com 50% ou mais de cacau) são aqueles que apresentam os melhores benefícios a nossa saúde.

Gordura do chocolate faz mal?

A gordura do chocolate, derivada do cacau, é constituída por dois ácidos graxos saturados, o ácido palmítico e o esteárico, e o ácido oléico monoinsaturado, além da adição de uma pequena quantia (menos do que 5%) de outros ácidos graxos.

Apesar de se saber que o consumo de gorduras saturadas contribui para o aumento dos níveis plasmáticos de colesterol, o consumo regular de manteiga de cacau e chocolate vem negando este aumento. A maior parte das pesquisas vem demonstrando que isto se deve, provavelmente, às concentrações relativamente altas de ácido esteárico, que tem apresentado um efeito neutro sobre o metabolismo do colesterol, e ao ácido oléico, conhecido pelos seus efeitos na redução plasmática do colesterol.

Além dos carboidratos simples e da gordura presentes no chocolate, o cacau é rico em inúmeros minerais essenciais, como magnésio, cobre, potássio e manganês. O chocolate vem ganhando cada vez mais espaço na mídia, não só pelas suas apreciadas propriedades sensoriais, mas também por seus potenciais benefícios à saúde. Uma análise mais profunda, baseada em pesquisas científicas, sugere que alguns chocolates podem contribuir beneficamente para a saúde quando consumidos com moderação.

O Cacau age como estimulante e antioxidante

Com o passar dos anos, o cacau foi sendo reconhecido pelo seu conteúdo de fitoquímicos, especialmente pela metilxantina e pela teobromina, substâncias com efeito estimulante semelhante ao da cafeína. Cada 100 g de chocolate contém 5 mg de metilxantina e 160 mg de teobromina, além de 600 mg de feniletilamina (PEA), um estimulante muito parecido com outros produzidos naturalmente pelo organismo, a dopamina e a adrenalina. Durante a última década, pesquisas têm demonstrado que o cacau in natura, alguns produtos de cacau e o chocolate são extraordinariamente ricos num grupo de antioxidantes conhecido como flavonóides, que pertencem a uma ampla e diversa classe de fitoquímicos chamados polifenóis.

Entretanto, a quantidade de flavonóides nos produtos de cacau e no chocolate industrializado é dependente da colheita de grãos e condições de processo usado pelos fabricantes de chocolate. Além disso, os flavonóides do chocolate são facilmente destruídos pelo calor e por condições comuns ao processo de colheita do cacau e de fabricação do chocolate e, assim, um grande cuidado deve ser tomado pelo fabricante para preservar a existência natural de flavonóides nos produtos finais.

Flavonóides ajudam na circulação sanguínea

Os mecanismos pelos quais os flavonóides do chocolate e do cacau podem melhorar a saúde cardiovascular incluem a redução de danos à parede do vasos sangüíneos, promovidos pela oxidação do colesterol LDL (“colesterol ruim”), além de diminuir a tendência à agregação plaquetária e formação de coágulos sangüíneos, responsáveis por infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e trombose em indivíduos predispostos, que apresentam ateromas (placas de colesterol) depositados nas artérias.

Grassi et al (2005) observou em seu estudo que o consumo de quantidades moderadas de chocolate escuro (100g/dia) não aumenta os níveis de colesterol, triglicerídios, e glicose, ao contrário do observado com a ingestão de chocolate branco. Além disso, os flavonóides do chocolate podem atuar como agentes vasoativos, reforçando o conceito de que poderiam promover um fluxo de sangue adequado, diminuição da pressão arterial e um coração saudável. Alguns estudos demonstram que o chocolate amargo (com 50% a 90% de cacau) também apresenta efeitos benéficos sobre o metabolismo da glicose e da sensibilidade à ação da insulina. Entretanto, é muito importante lembrar que por ser um alimento que contém açúcar, gordura e por ser bastante calórico, não deve ser consumido de forma indiscriminada por diabéticos e por pessoas acima do seu peso, sem a devida orientação de um nutricionista e adequado acompanhamento médico.

Referências bibliográficas:
Vinson, J. et al. “Chocolate Is a Powerful ex Vivo and in Vivo Antioxidant, na Antiatherosclerotic Agent in an Animal Model, and a Significant Contributor to Antioxidants in the European and American Diets”. J. Agric. Food Chem. 2006, 54, 8071-8076.

Fraga, C. “Cocoa, diabetes, and hypertension: should we eat more chocolate?” Am J Clin Nutr 2005;81:541–2.

Grassi, D. et al. “ Short-term administration of dark chocolate is followed by a significant increase in insulin sensitivity and a decrease in blood pressure in healthy persons” Am J Clin Nutr 2005;81:611– 4.

Richter, M., Lannes, S.C.S. “Ingredientes usados na indústria de chocolates”. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. vol. 43, n. 3, jul./set., 2007

Graduada pelo Instituto de Nutrição da UERJ, especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela Santa Casa de Misericórdia (RJ), especialista em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar pela Universidade Estácio de Sá, em Nutrição Esportiva, pela Universidade Gama Filho.